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A percepção da crise e a volta da publicidade

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Se você ainda não sentiu os efeitos da crise, se prepare. Ela vai chegar porque há uma convergência de várias campanhas a favor da crise, com amplos espaços gratuitos nos jornais, reforçados por comentaristas afoitos em ampliar estatísticas de desemprego e dos cheques devolvidos nos rádios e nas tevês.

Até agora nenhum diretor de publicidade assinou a campanha da atual crise financeira. Estão ocupados nas agências que ainda retêm alguma conta para apresentar classificados de 30 segundos, com palavras de ordem, compre!, últimos dias!, descontos de 70%!

Tão fora de contexto que quem estava disposto a gastar pára para pensar e, desconfiado, adia a compra. Para ouvir na próxima semana, nos mesmos classificados televisivos: últimos dias, mesmo!, descontos de 70%, prá valer!, etc.

Enquanto isso, a percepção da crise financeira amadurece e se instala porque encontra abertas as portas das análises incertas, da insegurança de se buscar oportunidades, de valorizar e alavancar o valor da moeda que tem, agora, na crise anunciada, um imenso componente emocional.

Porque quem pensa e sente o potencial dos produtos e serviços não atua, em tempos de crise, através dos canais do pânico, do medo, da insegurança. Os homens e mulheres de publicidade que vão driblar a crise (que será sempre uma crise de percepção) permanecem vinculados às necessidades dos consumidores, enquanto conjunto, grupo, sociedade que sustenta as estruturas que (pontas de iceberg) se apresentam como os arautos da crise.

Todo mundo sabe, no fundo da alma e do bolso, que a crise vai passar. Como passam as cãibras, como passam os amores e os ódios, como mudam as estações. Mas todos também sabem que é o passar das coisas e crises que renovam nossas necessidades mais incisivas, mais agudas, mais urgentes.

Necessidades sempre inadiáveis, que quando captadas por homens e mulheres que respeitam o potencial dos produtos e serviços nos vinculam, de novo e imediatamente, com o consumo, com a renovação de nossos guarda-roupas, carros e até mesmo os supérfluos de toda ordem.

Porque a percepção da crise também passará. E daremos atenção, de novo, aos profissionais da propaganda que nos mostrarão o consumo necessário como uma oportunidade.

Porque a crise perderá aos poucos o apoio dos desesperados de plantão, exauridos sem o contato com as emoções profundas que emerge da alma coletiva, que se vincula com as necessidades humanas e absolutas de produtos e serviços.

Por tudo isso, é hora de prestar atenção, com calma, no que fazem Giuliano Saade e Georgia Gerra Peixe através dos conceitos que explicam e desenvolvem nas interações blookrianas, que alimentaram estas reflexões.

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